A robótica educacional ganha cada vez mais espaço e passa a integrar a rotina da Rede Municipal de Ensino de Brusque. Inseridas nos outros componentes curriculares, as atividades de robótica são interdisciplinares. Desta forma, o conteúdo é aliado e aplicado de maneira conjunta às habilidades desenvolvidas nas várias áreas do conhecimento, desde ciências e matemática até artes e língua portuguesa. É o que já acontece na Escola de Educação Fundamental Dr. Carlos Moritz, no bairro Zantão.
Na unidade, neste início de ano letivo, as ações começaram a ser aplicadas na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Mas, a proposta da direção da escola é envolver todos os seus alunos até a metade deste ano. Em 2021, a escola foi a unidade piloto do projeto de robótica da Secretaria de Educação, com uma turma do quinto ano selecionada para o desenvolvimento das atividades. Hoje, a EEF Dr. Carlos Moritz possui 317 estudantes matriculados, da Educação Infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental.
Desplugada
A professora Joana Bertoldi cita que para as aulas nas turmas do Pré I e Pré II, foi feita a escolha da temática da iniciação ao pensamento computacional do eixo Robótica. E a primeira atividade realizada com as crianças, nomeada de ‘desplugada’.
“As atividades desplugadas consistem na produção e realização de atividades sem a necessidade de utilizar programas específicos, acontecendo de forma concreta, e permitindo ao aluno a vivenciar a programação. Na Programação desplugada representamos a programação de um computador sem o uso de dispositivos eletrônicos”, explica.
Segundo ela, a primeira atividade realizada com a turma da pré-escola, os alunos utilizaram massinha de modelar feita por eles mesmos em sala de aula. Essa massinha é um material condutivo que permite a passagem da energia, podendo ser utilizada em um circuito como um condutor da corrente elétrica. “E quando foi colocado em prática causou encantamento entre os pequenos”, revela.
O objetivo da proposta, acrescenta, foi oportunizar às crianças a experimentação, além de poderem descobrir, criar, observar, pensar e levantar suas próprias hipóteses. Tudo por meio de aulas instigantes e interativas, envolvendo ainda mais os pequenos e trazendo inúmeros benefícios para as crianças, conforme os direitos de aprendizagem e desenvolvimento da educação infantil assegurados pela Base Nacional Comum Curricular.
“Nossos próximos projetos serão desenvolvidos com outras atividades desplugadas. Já estamos elaborando um tapete de pensamento computacional, onde as crianças montarão uma sequência para o “robô” (outra criança) terá que chegar ao objetivo final com uma programação pré-determinada”, revela Joana Bertoldi.
Para a professora, “a robótica é um campo muito rico para o aprendizado das crianças e deve ser levada em consideração em um sistema educacional que pensa na tecnologia como uma forma de beneficiar a sociedade”.
Desafios e Descobertas
A professora Elizangela Mara Roza Nascimento narra que as atividades envolvendo a robótica com as turmas do Pré, 1º e 2º ano desenvolveram o conceito do circuito elétrico, utilizando a massinha que foi feita pelos alunos, led, jumpers e bateria. Tudo para incentivar os alunos a pensar de forma criativa, trabalhar em equipe e aprender conceitos básicos do circuito elétrico.
Já as turmas do 3º, 4º e 5º ano fizeram uma atividade “maker”, confeccionando um carrinho movido a ar que está relacionado à parte mecânica da Robótica, com o objetivo de desafiá-los a pensar como construir um carrinho, como as engrenagens funcionam e aprender sobre a 3ª Lei de Newton, que fala da ação e reação.
“Pensamos em trabalhar futuramente com jogos de tabuleiro, que serão elaborados com o propósito de potencializar as habilidades trabalhadas em sala de aula, e assim desenvolver os princípios do pensamento computacional, decomposição, reconhecimento de padrão, abstração e algoritmo. Nós, enquanto educadores, estamos encantados com a robótica e como ela abrange os desafios de trabalhar a 5ª competência da BNCC, que está relacionada à cultura digital”, analisa Elizangela Nascimento.
Pensamento computacional
Thiago Alessandro Spiess, diretor da EEF Dr. Carlos Moritz, enfatiza que a proposta da equipe pedagógica é dar o acesso ao maior número de turmas e alunos a atividades que envolvam o pensamento computacional e a robótica, seja em ações “desplugadas” ou dentro da perspectiva “maker”, com sequências didáticas mais elaboradoras e o uso do kit de arduino. “Algumas ideias mais avançadas envolvem o software “Scratch”, que é uma linguagem de programação visual baseada em blocos e que permite aos alunos utilizarem a imaginação enquanto constroem textos, jogos, animações visuais entre outros; e o “Tinkercad” que é um software que possibilita a criação de componentes eletrônicos e blocos de código”, menciona.
Para o diretor, oferecer a Robótica Educacional na escola pública é extraordinário. “Poder oportunizar aos nossos alunos o contato com essa metodologia nos enche de satisfação, pois com certeza ela irá favorecer o desenvolvimento cognitivo dos alunos, já que estaremos trabalhando com o pensamento computacional, a lógica matemática, a criatividade, programação e noções de física”. Somado a isso, acrescenta ele, “todo o investimento que está sendo feito pela Secretaria de Educação com as telas interativas e computadores portáteis para alunos e professores, permite o desenvolvimento de diversas habilidades e competências, como a Cultura Digital”.