O mês de setembro, desde 2015, tem sido marcado pela campanha ‘Setembro Amarelo’ no Brasil, que busca a conscientização sobre a prevenção do suicídio. Uma das medidas, incentivada pelo movimento, é o acesso a informação e educação da população, em estimular diálogos que possam salvar vidas.
Com esse objetivo e em especial com o intuito de discutir a respeito da depressão e da ansiedade entre adolescentes, a Unimed Brusque realizou na manhã de quinta-feira, 26 de setembro, uma palestra sobre o tema na Escola de Educação Básica Francisco de Araújo Brusque. O evento foi ministrado pelo psiquiatra Dr. Antônio Carlos de Mattos Roxo, que trouxe informações e orientações para alunos e professores. A palestra foi voltada aos alunos do oitavo e nono, e do primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio. Cerca de 300 estudantes, de oito turmas, participaram do evento.
De acordo com a coordenadora da área de Responsabilidade Social da Unimed Brusque, Camile Rebeca Bruns, a proposta da palestra foi um complemento do programa Viver Bem na Escola, realizado pela Unimed Brusque na unidade de ensino desde 2015, bem como uma solicitação da própria comunidade escolar. “Apesar de o Viver Bem na Escola ter como foco a prevenção da gestação na adolescência, ao final das atividades com os alunos sempre perguntávamos qual outras propostas eles achavam interessante serem abordadas. E a questão da depressão vem sendo uma demanda cada vez mais recorrente em sala de aula, já que temos visto muitos casos de mutilação entre os adolescentes, depressão e ansiedade. E trouxemos a proposta também em alusão a campanha do Setembro Amarelo, para os adolescentes entenderem como é possível identificar que um colega, amigo, ou familiar possa estar passando por esse problema e como ajudar na prevenção”, esclarece a coordenadora.
Esclarecer para prevenir
Assim, ao longo do encontro o psiquiatra trouxe dados, conceitos e esclarecimentos a respeito dos temas, como forma de orientação entre os jovens sobre a importância do diálogo, da identificação da depressão e da ansiedade como doenças que precisam de tratamento, além das formas de prevenção e como é possível tratá-las. “Desde o início das incidências de mutilação com o chamado ‘baleia azul’, e demais ‘brincadeiras’ que incentivam os jovens ao suicídio, em todo o mundo se iniciou a preocupação dos pais e da comunidade em geral para falarmos sobre o assunto. E sabemos que hoje a internet acaba potencializando essa questão. Esse assunto precisa ser trazido a pauta, já que de 2014 para cá o índice de suicídio na adolescência aumentou em torno de 27%. Então, muito mais do que buscar tratamento para a doença, é preciso prevenir, alertando pais, alunos e escola, de alguns sinais de que crianças e adolescentes passam a dar, quando há esse risco, para que o pior não ocorra”, detalha o médico.
Segundo o especialista, o suicídio é considerado atualmente pela Organização Mundial da Saúde a segunda causa de morte na adolescência, e em todo o mundo existem cerca de 300 milhões de pessoas com depressão. Entre as orientações, o médico alertou para alguns indícios que pais, familiares, amigos possam perceber, como perda de interesse por atividades que o adolescente gostava, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, alterações no sono, entre outras. “A adolescência é uma fase turbulenta por si só, e sabemos que momentos de depressão também são naturais do ser humano. Entretanto, quando há intensificação dessas manifestações, como automutilações, mudança de comportamento, isolamento, falta de apetite, excesso de sono, por exemplo, os pais devem ficar atentos. Além disso, ambientes onde o jovem convide com violência doméstica, consumo de drogas, entre outros também são propícios para quadros depressivos, o que exigem uma atenção”, destaca Dr. Roxo.
Por fim, o médico reforçou a importância de eventos semelhantes, que promovam a reflexão sobre temas que atingem toda a sociedade. “Todo o movimento que lida com saúde tem um papel importante de não só de anteder a população, mas também de criar mecanismos de prevenção das doenças. E a Unimed vem fazendo isso nesta escola, há algum tempo, não só na prevenção da gravidez na adolescência, mas principalmente hoje, com a discussão sobre a depressão, ansiedade e suicídio, que é algo que precisa ser falado não só no mês simbólico da campanha, mas ao longo de todo o ano”, reforça.
Participação
Ao final da palestra, os alunos participantes, tiveram a oportunidade de fazer perguntas, esclarecer dúvidas referente aos temas e ampliar ainda mais conhecimentos sobre a importância da prevenção. “O debate foi muito proveitoso e a parceria com a Unimed é excelente, em poder proporcionar aos alunos, e às pessoas que podem ter depressão ou sofrer de ansiedade, as orientações certas, como ajudar, tratar, enfim. Foi muito interessante e espero que possamos debater outros assuntos que envolvem doenças emocionais, que são recorrentes em sala de aula, mas também em toda a sociedade, para que cada vez mais, com a orientação, seja possível diminuir os índices dessas doenças”, avalia o aluno do segundo ano do ensino médio, Yuri Oliveira, 17 anos.
Para o estudante do oitavo ano, Rafael Mafra Santos, 13, o evento serviu para valorizar a necessidade de identificação da depressão e da ansiedade como doenças sérias que precisam ser tratadas. “Muitas pessoas não dão importância para esse tema, acham que é algo superficial, ou que o adolescente possa estar querendo chamar a atenção. E esse esclarecimento foi fundamental, já que na escola é onde ocorrem os casos com mais frequência, onde temos bullying, pessoas com problemas de ansiedade e depressão. Assim podemos estar mais atentos quando nos depararmos com algum dos casos”, considera.
A mesma opinião é de Elian Santos Gama, 17, do segundo ano do ensino médio, sobre a importância do diálogo de temas nem sempre são abordados ou considerados como ‘tabus’. “Há uma carência muito grande de informações sobre isso para nós, adolescentes. É um assunto que precisa ser falado, não é algo isolado, e que tem que ser abordado para que as pessoas entendam que a depressão é uma doença e é necessário buscar ajuda. Espero que possamos ter mais momentos assim, em falar sobre assuntos que são para nossa vida, que lidamos no dia a dia”, complementa.
Resultados
Com a ação, as expectativas são de que mais pessoas possam receber as orientações repassadas na oportunidade, contribuindo assim para a prevenção e a saúde, da população como um todo. “A nossa ideia é que esse e outros temas possam sair dos ‘muros da escola’, que sejam levados para a vida desses alunos, para o grupo de amigos e para suas famílias, em especial quando falamos sobre a depressão, que é uma doença que atinge toda a população, sem distinção de etnia ou idade. E sem dúvida é uma forma de a Unimed Brusque contribuir para a nossa comunidade, sempre com o foco na saúde, na prevenção, através de programas e projetos”, acrescenta Camile.
Para a diretora da escola, Lourdete Cadore Fantini propiciar aos estudantes o momento de aprendizado e reflexão acerca do tema, foi extremamente válido. “Gostaríamos de agradecer muito a Unimed Brusque por esse trabalho de parceria que há anos é feita na escola. Cada vez mais os projetos e programas são aperfeiçoados, na busca contínua em abordar temas recorrentes da escola. E a proposta foi incrível, pois falamos da autoestima dos nossos estudantes. Acredito que este evento trouxe informação para também trabalharmos os valores, a importância da família e dos laços afetivos e de amizade, que fazem a diferença na vida dos jovens”, enalteceu.
Saiba mais
A campanha Setembro Amarelo tem apoio da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, do Conselho Federal de Medicina, do Centro de Valorização da Vida (CVV) e do Ministério da Saúde. Famílias, escolas e a população em geral podem ter acesso a informação e cartilhas de orientação e prevenção no site da campanha: www.setembroamarelo.org.br, ou no da Sociedade Brasileira de Psiquiatria: www.abp.org.br