Dois recentes casos de poluição em ribeirões correram pelas redes e geraram fortes indignações das comunidades que convivem com o problema, no bairros Bateas e São Luiz. Em ambas as denúncias, a situação é recorrente, de modo que os moradores se sentem desamparados na busca por soluções.
No ribeirão que corta o bairro Bateas os moradores já lidam com a morte de peixes, por conta da contaminação da água, desde meados do ano 2000, como mostrou o morador Claudio Baron à reportagem.
Na última quarta-feira, 27, a situação voltou a se repetir.
A pratica mais comum da comunidade é tirar fotos, pegar os peixes para amostra aos órgãos de fiscalização e até congelar os peixes para que sirvam de análise, com a finalidade de descobrir se há substancias tóxicas na água.
Moradores disseram em 2002 uma análise mostrou a presença da substância cianeto, conforme demostra na reportagem do Jornal Município à época.
“Essa reclamação já vem há muitos anos, tínhamos feito várias denúncias e é sempre a mesma história, pois a Fundema diz que vem e não tem como provar nada (mas foi encontrado cianeto, diz) e história é sempre a mesma: dizem que vão resolver e não resolvem”, criticou o morador Jonas.
Com a situação registrada novamente, os moradores Jonas e Claudio Baron, divulgaram o caso nas redes sociais e clamaram às autoridades e à imprensa.
“O problema é sério e já está na hora de resolver; não dá cheiro, mas os peixes chegam a pular para fora de tão forte que é o produto. Tinha uns poços e muita gente pegava os peixes e hoje eles ficam com medo. É uma pequena o que está acontecendo”, lamentou Claudio.
O que diz Fundema – De acordo com o superintendente da Fundação Municipal do Meio Ambiente, Cristiano Olinger, a empresa citada na denúncia foi visitada por dois fiscais.
“Essa empresa foi atuada e terá que prestar esclarecimentos na Fundema, a gente verificou que há algo irregular dentro da empresa”, disse. Sem mais detalhes da irregularidade encontrada e que não tem relação com amostras ou análises, mas, sim procedimentos burocráticos para serem regularizados.
Ribeirão São Luiz – O ribeirão que corta a rua Otto Heckert, conhecida como “Beco Kohler”, também já registra há pelo menos três anos o mesmo histórico – embora o problema já venha de longo tempo.
Denúncias da comunidade, vídeos, fotos, peixes mortos e indignação, também se repetem.
O morador Rafael Kolher falou ao Jornal da Diplomata e fez um desabafo sobre a falta de fiscalização efetiva.
“A alegação é que eles não têm equipamento, não tem mais convênio com a empresa que faz análise da água e quando está muito demais as ligações eles vão outro dia e dizem que o rio está incolor e não tem como provar, porque na hora não eles não vão”, comentou Kohler.
Rafael conta que um mapeamento de iniciativa popular foi realizado, em que mostra as empresas no entorno do ribeirão.
“Não é legal acusar alguém sem fundamento, mas a conclusão, diante de todo esforço que a gente faz, é que é alguém muito forte, que a política não está permitindo”, disse.
Para levar a reclamação a diante, o morador explica que o caso foi encaminhado à Câmara de Vereadores (em forma de requerimento) e que nas próximas semanas juntará reportagens e documentos que serão levados ao Ministério Público Ambiental local e ao próprio MP.
O que diz a Fundema – O Jornal da Diplomata conversou por telefone com o superintendente da Fundação Municipal do Meio Ambiente, Cristiano Olinger.
A situação pelo lado do órgão fiscalizador é também uma outra guerra travada, contra procedimentos burocráticos, legislação e limitação técnica.
“A gente vem monitorando por que é uma situação bem complicada, pois o (principalmente no Beco Kolher), o ribeirão vem tubulado uma grande parte e a gente não consegue determinar com 100% de certeza o poluidor”, explica Cristiano.
Olinger defende que o órgão em conjunto com a Polícia Militar Ambiental iniciou um trabalho de fiscalização noturna, sem aviso prévio, que já resultou em quatro autuações. As operações tentam flagra ações poluidoras diante do quadro de denúncias apresentadas pela população.
Como nova medida dessa força-tarefa, um veículo foi adquirido para ser transformado em laboratório móvel, em que será possível gerar a situação de flagrante.
“Quero deixar claro que na última reunião de secretariado eu fui cobrado para iniciar essas diligências, o problema maior é técnico. A gente está pensando em maneiras de acabar com isso pois muitas vezes quando o efluente chega no rio ele veio de grandes distâncias (por tubulações) chegando na empresa não tem mais resquícios e ficamos de mãos atadas”, explicou.
Amostras – Cristiano explicou que o procedimento técnico das amostras é outro processo criterioso, para que se tenha legalidade penal e judicial. Dentro desse campo, a Polícia Ambiental tem contribuindo com o órgão.
“Não é tão simples, é questão técnica e não de simplesmente de vontade política ou não. A gente que fazer um trabalho efetivo, limpar de uma vez por todas os nossos rios, por isso dá ideia do carro/laboratório e do engenheiro químico – na equipe”, explicou.
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