Sugestões foram apresentadas aos órgãos competentes
Os acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil foram desafiados no Executa deste semestre a elaborar propostas para diminuir os riscos de deslizamentos e desmoronamentos de morros e encostas de 15 pontos de Brusque. Os locais, indicados pela própria Defesa Civil do município, foram estudados pelos acadêmicos, que divididos em grupos, com integrantes dos dois cursos de Graduação, analisaram as áreas, de acordo com as indicações do laudo do Serviço Geológico.
Antes de iniciar a elaboração, acompanhados por professores e profissionais da Defesa Civil, os estudantes fizeram uma visita técnica a locais que apresentaram deslizamento de terra em Brusque. Por fim, para abordar de forma técnica o assunto, os cursos transmitiram ao vivo, na segunda-feira, dia 18, pelo canal da UNIFEBE, no YouTube, um Podcast, com foco em prevenção de desastres relacionados a perigos geológicos. O tema foi abordado pelo chefe de vistorias e fiscalizações da Defesa Civil de Brusque, Edevilson Paulino Cugiki, do agente da Defesa Civil, Abraão Francisco Rieg, da coordenadora do Geobrusque, plataforma da Prefeitura de Brusque, Camila da Silva e pelo coordenador do Laboratório de Cidadania e Educação em Direitos Humanos – LACEDH UNIFEBE, professor Ricardo Vianna Hoffmann. A conversa com os profissionais da área foi mediada pela coordenadora de Engenharia Civil da UNIFEBE, professora Vivian Siffert Wildner, pelo coordenador de Arquitetura e Urbanismo, professor Marcelius Oliveira de Aguiar.
No Podcast, os acadêmicos puderam aprender quais as áreas de risco setorizadas pelo Serviço Geológico do Brasil e como utilizar o Portal Geobrusque para obter diversas informações como declividade, topografia e realizar a consulta prévia de viabilidade dos locais analisados. As propostas foram apresentadas na quinta-feira (21), para o engenheiro civil Yuri Neckel Betim, diretor de Parcelamento de Solo do Instituto Brusquense de Planejamento – Ibplan, para o engenheiro civil e diretor de Análise de Projetos do Ibplan, Jorge Ziegler, para o arquiteto e urbanista da Secretaria de Infraestrutura Estratégica, Thiago Costa de Lima, a engenheira civil da Sul Engenharia e SM Engenharia e Consultoria, Sarah Ribeiro Marcondes, para o engenheiro civil e CEO da Terra Legal Topografia, Allan Sanni Castilhos, e para a arquiteta e urbanista e gerente de projetos da Terra Legal Topografia, Emily Camille da Costa.
O grupo do acadêmico da 1ª fase de Engenharia Civil, Felipe Reis da Silva, estudou as áreas de risco na rua Azambuja, no bairro Azambuja, com o intuito de amenizar ou resolver os perigos de desmoronamento nas residências locais. Dentre as sugestões apresentadas pela equipe, estão a readequação dos cortes dos taludes com uma inclinação de 45º, execução de sistema de drenagem para águas pluviais, utilizando calhas nas bancadas do talude e construção de escada dissipadora para amenizar a força da água.
“A experiência que esse trabalho nos proporciona vai muito além da sala de aula, pois temos a oportunidade de nos envolver em projetos e iniciar o contato com nossa área de trabalho. Nesse sentido que, os órgãos públicos são de extrema importância para viabilizar esse contato, tornando mais fácil o acesso às obras e locais para estudo”, comenta o acadêmico.
A rua AC 033, no bairro Águas Claras, foi o caso de estudo do grupo da acadêmica da 7ª fase de Arquitetura e Urbanismo, Camila Schmitz. Com base no relatório entregue pela Defesa Civil, informações fornecidas no Portal GeoBrusque e algumas visitas in loco, a equipe diagnosticou a falta de drenagem adequada da área. Nesse sentido, o grupo sugeriu a implantação de tubulação e impermeabilização, para que fosse possível controlar a saturação do solo, mitigando novos desmoronamentos. “O tema do Executa deste semestre foi e é importante para a nossa carreira acadêmica e profissional. Eu já faço estágio na área e tudo o que aprendemos ao longo da atividade é o que é exigido e realmente aplicamos no mercado de trabalho”, conta Camila.
A coordenadora de Engenharia Civil da UNIFEBE, professora Vivian Siffert Wildner, esclarece que o tema foi escolhido pela relevância para a região. “Brusque é a terceira cidade do país com o maior número de setores de risco mapeados pelo Serviço Geológico do Brasil, de acordo com os estudos de 2019, totalizando 199 áreas. As atividades do Executa contribuíram para a percepção dos acadêmicos sobre sua atuação profissional para solucionar essas questões. Além disso, a troca com especialistas da área e com os professores dos cursos foi enriquecedora e trouxe grande aprendizado, contribuindo para a formação desses futuros profissionais”, frisa.
Universidade em prol da comunidade
O papel comunitário e prático do Executa foram os pontos destacados pelo coordenador de Arquitetura e Urbanismo, professor Marcelius de Aguiar. “O Executa é um projeto, que como o próprio nome sugere, instiga o aluno a praticar seus conhecimentos. Neste semestre, em específico, eles se empenharam para propor soluções para uma demanda que é bastante recorrente na nossa região. Acreditamos que essa também era uma dor deles e, vendo dessa forma, eles podem contribuir com muitas famílias, inclusive a deles, se for o caso”, complementa o professor.
O engenheiro civil Yuri Neckel Betim é diretor de Parcelamento de Solo do IBPLAN, e representou o órgão público, avaliando os trabalhos apresentados pelas equipes. Sobre as propostas feitas pelos estudantes, Yuri relata que foi interessante ver os critérios de escolha usados pelos grupos para propor as soluções, que variaram desde a viabilidade técnica, viabilidade financeira, prevenção com pouca interferência, entre outros. Para o servidor público, a importância do trabalho para o município e para os cidadãos brusquenses ficou evidente no propósito do Executa. Segundo ele, por possuir característica de vale e graças ao seu crescimento populacional em ascensão, a cidade de Brusque direciona as moradias para locais com risco de enchentes ou deslizamentos.
“Conscientização e planejamento técnico são aliados do futuro com menos desastres naturais impactando a vida das pessoas. A conscientização deve ser fomentada para informar aos moradores de determinada região que sua localização pode oferecer riscos, em situações de clima extremo ou até mesmo na normalidade do cotidiano. O planejamento técnico entra com a virtude de prever e solucionar tais riscos, oferecendo soluções que a longo prazo são menos onerosas do ponto de vista financeiro. Nesse sentido que, a união dos nossos conhecimentos, ente público e universidade, com a finalidade do bem-estar social pode gerar frutos a serem colhidos por toda comunidade”, enaltece Yuri.
O Executa
Realizado semestralmente com os acadêmicos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil da UNIFEBE, o Executa é o projeto que articula ensino, pesquisa e extensão de modo interdisciplinar. “Por meio do Executa, nossos alunos estudam uma demanda real e, utilizando seus conhecimentos acadêmicos, sugerem melhorias e soluções em prol da comunidade. O projeto é a materialização da extensão universitária, que permite essa troca de experiências e vivências, enfatizando ao estudante seu papel na sociedade”, conclui o pró-reitor de Graduação, professor Sidnei Gripa.
Além de uma atividade prática, o Executa é uma oportunidade de os acadêmicos interagirem com professores dos dois cursos, estudantes e profissionais da área.