Encerrou na sexta-feira, 7 de outubro, o Simpósio de Filosofia, realizado pela Faculdade São Luiz. O evento chegou à sua 20ª edição em 2022, trazendo à contemporaneidade a originalidade do pensamento, as obras e escolhas da filósofa Edith Stein (1891-1942). Canonizada como Santa Teresa Benedita da Cruz, ela foi uma santa, filósofa e teóloga alemã, nascida judia, que se converteu à Igreja Católica.
A abertura do Simpósio ocorreu na noite de quarta-feira, no auditório da Faculdade, e contou com a presença de renomados filósofos, estudiosos de Edith Stein. Prestigiaram o evento os professores da instituição, alunos do Ensino Médio da E.E.B. Professor João Boos, padres formadores, estudantes de filosofia e comunidade externa.
Em sua saudação inicial na abertura do Simpósio, o diretor, padre Silvano João da Costa, destacou a alegria de retomar o evento de forma presencial, que contribui para a extensão do debate. Além disso, enalteceu a importância do evento e a escolha do tema. “Tudo isso nos ajuda a dialogar com o mundo, mantendo a nossa inspiração, tradição e riqueza. Estamos próximos de completar 90 anos da primeira aula de filosofia, lecionada pelo Pe. Roberto Bramsiepe, em Brusque. Então, esse simpósio nos ajuda a continuar aprimorando esta história, quase centenária, pela busca da verdade”, afirma.
Para o vice-diretor da Faculdade São Luiz, padre Aléssio da Rosa, o marco desta edição foi o estudo da filosofia, a partir da obra deixada por uma mulher. “Quando a gente fala em filosofia, logo lembramos de filósofos homens. Mas iremos estudar a filósofa Edith Stein, justamente para valorizar pessoas que marcaram a história e que são, sobretudo, mulheres”, aponta.
Legados de uma pensadora
O coordenador do XX Simpósio de Filosofia, professor Eduardo Dalabeneta, afirma que o pensamento de Edith Stein é um tipo de investigação, descrição e análise que atravessa as vivências contemporâneas. “Encontrar-se com a filosofia de Edith Stein, de certo modo, é encontrar-se com aquilo que faz sua vida, escolha, opções e atos. Muitos deles são radicais, difíceis de compreender. A dinâmica que a filósofa desenvolve ao longo de suas obras nos provoca questionamentos pessoais” relata.
Grandes investigadores do pensamento de Edith Stein no Brasil aceitaram o convite para ministrar o XX Simpósio de Filosofia: Dr. Juvenal Savian Filho e as Dras. Clio Tricarico e Martina Korelc, que foram responsáveis pela tradução das obras de Edith Stein do alemão para a língua portuguesa. Mas, por intercorrências pessoais, Dra. Martina não compareceu ao evento.
Pela primeira vez em Brusque, Dr. Juvenal, apresentou uma síntese da história e obra da filósofa alemã. “Edith Stein desenvolveu uma linha muito original para a filosofia, e, depois, fez carreira independente. Formou sua maneira de pensar, que chamamos de fenomenologia, ou seja, o esclarecimento, a essência e a identidade, pela a qual os saberes trabalham” explica o palestrante.
Também pela primeira vez em Brusque, a professora Clio mencionou sua alegria ao ver o pensamento de Edith Stein se difundir de tal maneira que será estudado pelas próximos duas edições do simpósio. “O pensamento da Edith, enquanto método fenomenológico, dialoga também com a teologia, psicologia, antropologia, e, claro, abre cada vez mais um leque de possibilidades, para termos outra perspectiva de abordagem, principalmente da pessoa humana, objeto principal que ela trabalhou a vida inteira”, salienta a professora.
Saiba mais
Referência feminina em espaços pouco ocupados por mulheres no período em que viveu, Edith Stein não vislumbrava o protagonismo que assumiu. O legado da filósofa alemã – para além da sua biografia emblemática, testemunho inquietante e fim trágico em Auschwitz – se ergue sobre os 27 volumes que constituem suas obras completas: são estudos, artigos, conferências, planos de aula e manuscritos, nos quais são encontradas suas investigações sobre os mais diversos temas nas áreas da filosofia, antropologia, psicologia, formação humana, teologia, entre outros.