A redução da jornada de trabalho sempre foi uma bandeira histórica do movimento sindical, ocupando o centro de debates ao longo de décadas como uma forma de promover dignidade e melhores condições de vida para os trabalhadores. Em Brusque e região, o Fórum de Entidades Sindicais de Trabalhadores mantém seu compromisso de estar atento às demandas da classe trabalhadora, engajado em lutas pela ampliação de direitos e melhoria das relações laborais.
Esse histórico de luta ganha um novo capítulo com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6×1, apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). O texto propõe a redução da jornada semanal de trabalho no Brasil para 36 horas, contrapondo-se à prática atual da jornada 6×1, que obriga seis dias consecutivos de trabalho para apenas um dia de folga. A proposta já mobilizou mais de dois milhões de assinaturas em um abaixo-assinado e conseguiu, em 13 de novembro, as 171 assinaturas de parlamentares necessárias para ser protocolada na Câmara dos Deputados.
Embora seja um passo importante, a PEC ainda precisa percorrer um longo caminho: análise pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), avaliação de uma comissão especial e votação em plenário na Câmara e no Senado.
Para o coordenador do Fórum Sindical, Izaias Otaviano, a jornada 6×1 representa um sério risco à saúde física e mental dos trabalhadores, reforçando a importância de mudanças que priorizem o bem-estar da classe trabalhadora.
“Trabalhar seis dias e folgar apenas um adoece o corpo e a mente. Sem tempo suficiente para descanso, o corpo não se recupera, e o bem-estar é deixado de lado. Os trabalhadores precisam de tempo para lazer, para estar com a família e para cuidar da saúde física e mental”, destaca Otaviano.
Ele também observa que a demanda por palestras sobre saúde mental, sempre muito solicitadas em eventos promovidos pelo Fórum Sindical e pelos sindicatos que o integram, evidencia o impacto de jornadas exaustivas. “Hoje, saúde mental é um dos temas mais procurados pelos trabalhadores. Isso mostra como a sobrecarga do trabalho afeta diretamente suas vidas”, afirma.
Diálogo e construção coletiva
Otaviano ressalta que o Fórum Sindical sempre defendeu o diálogo como o melhor caminho para discutir mudanças na legislação trabalhista.
“Acreditamos que qualquer alteração precisa ser construída de forma colaborativa, ouvindo tanto os trabalhadores quanto os empregadores. Medidas impostas sem consenso podem gerar prejuízos para uma das partes e dificultar a implementação de soluções eficazes”, pontua o coordenador.
A proposta de redução da jornada semanal também busca alinhar o Brasil a padrões internacionais, nos quais muitos países já adotaram cargas horárias mais curtas sem comprometer a produtividade. “Trabalhar e viver deve ser o princípio, não trabalhar para adoecer. O trabalhador precisa ser valorizado e ter suas condições respeitadas”, reforça Otaviano.
Mobilização e próximos passos
Segundo o coordenador, o Fórum Sindical está engajado em ações que esclareçam os impactos da PEC 6×1 e deem voz às demandas da classe trabalhadora. Para Otaviano, apoiar a proposta significa não apenas ampliar direitos, mas também garantir saúde, qualidade de vida e valorização dos trabalhadores.
“Nosso papel é garantir que os trabalhadores sejam ouvidos e que suas necessidades sejam contempladas. A luta pela redução da jornada é uma luta pela dignidade e pela preservação da saúde do trabalhador. Seguiremos mobilizados para acompanhar cada etapa dessa discussão no Congresso”, conclui.