Trajetória de Marcos e Akemi já se esbarraram anos antes da conquista
Era sexta-feira, 15 de novembro, e Brusque finalmente chegou ao lugar mais alto do pódio no taekwondo nos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC). A conquista, carregada de suor, determinação e anos de espera, foi protagonizada por Marcos Quirino, de 22 anos, que transformou persistência em vitória.
Marcos começou cedo no esporte. Aos quatro anos, seus pais o colocaram no taekwondo. A paixão infantil cresceu junto com ele. A jornada, porém, nunca foi linear. Quando o taekwondo deixou de ser oferecido em Brusque, ele se viu treinando em Balneário Camboriú. Anos depois, seus pais criaram um projeto próprio na cidade para que Marcos e outros jovens pudessem continuar praticando o esporte. O projeto, realizado na Arena Brusque, não abriu portas somente para Marcos, mas, também, para outros atletas.
“A minha história no JASC sempre foi de bater na trave”, contou Marcos. Desde sua estreia em 2018, quando conquistou o bronze representando Tijucas, até as pratas consecutivas defendendo Brusque em 2019, 2021 e 2022, o ouro parecia sempre escapar por pouco. Mas em 2024, a história mudou.
O ano não foi apenas de desafios, mas de conquistas significativas. Marcos se destacou em competições estaduais, nacionais e até internacionais, ficando em 12º lugar no mundial realizado no Brasil. Mesmo assim, ele sabia que o JASC exigiria ainda mais. “É sempre uma competição complicada porque acontece no fim do ano, quando já estamos bem cansados dos campeonatos anuais. A rotina é desgastante”.
O preparo para a edição de 2024 foi corrido. Apenas uma semana antes, Marcos havia competido na Copa do Brasil, onde conquistou o terceiro lugar no individual e o segundo na dupla. Sem descanso, ele treinou nos dias seguintes, ajustando-se até ao calor para a competição no Rio de Janeiro. “Eu já esperava subir no pódio, mas ser campeão foi uma surpresa. Sabia que ia ser difícil, com atletas muito bons na minha categoria”.
Naquela sexta-feira, ao som do hino de Brusque e com a medalha de ouro pendurada no pescoço, Marcos, que é bolsa-atleta do município, provou que a perseverança pode transformar anos de “quase” em uma vitória definitiva.
Agora, com os olhos no futuro, o atleta pensa nos objetivos para 2025. “Ano que vem promete bastante, com o Grand Slam, onde posso tentar a titularidade na seleção brasileira, e muitos outros eventos que virão”.
Mas não para por aí. Anos antes a história de Marcos se esbarrou na de Akemi Nomura Crespi. A jovem de 16 anos viu uma oportunidade de treinar na Arena Brusque e inciar no Taekwondo. Marcos se tornou Mestre da atleta. E no mesmo dia em que ele subiu no topo do pódio, Akemi brilhava em sua estreia trazendo a medalha de prata para Brusque.
Para Akemi, que começou no taekwondo aos nove anos, a primeira participação no JASC era mais um passo. “Só tenho a agradecer a confiança e o incentivo do meu Mestre e dos professores”, disse.
O caminho até a medalha não começou agora. Em 2022, Akemi decidiu levar o taekwondo mais a sério e começou a treinar para competições sob a orientação do Mestre Marcos, Desde então, sua rotina se tornou intensa, com treinos de Poomsae, uma modalidade técnica que envolve movimentos simulando lutas, às terças, quartas e quintas na Arena Brusque e musculação de segunda a sexta.
“Eu estava bem nervosa, pois sabia que havia adversárias muito boas, mas dei o meu melhor e acabei obtendo um resultado melhor do que esperava. Nem imaginava subir ao pódio”, contou Akemi. “Meu principal objetivo é me formar faixa preta e alcançar cada vez mais lugares no pódio, representando o município e dando mais visibilidade para o taekwondo como esporte”.
Acaso, ou não, por aqui, Brusque celebra as medalhas conquistadas, e os dois, juntos, mostram que o topo do pódio é conquistado com resiliência, treino e uma paixão pelo esporte.