O material audiovisual é uma iniciativa da entidade, para cumprir o seu propósito de manter viva a tradição do Pelznickel, para esta e as futuras gerações. Mais de 40 pessoas participaram da produção, que foi viabilizada com recursos da Lei Paulo Gustavo e operacionalizada pela Fundação Cultural de Guabiruba. No total, foram investidos R$ 30 mil, sendo R$ 24 mil da LPG e mais 6 mil de contrapartida da Sociedade.
O audiovisual foi filmado nos meses de abril e maio na cidade de Guabiruba. Luiz Ervino Fischer, Ademir Klann e Fabiano Siegel são os personagens centrais do enredo, que apresenta histórias pessoais de cada um, contadas de um modo simples e autêntico. A maneira como as roupas são confeccionadas, com trapos, barba de velho e folhas, bem como a forma como cada um se porta foram contadas ao público.
“Este documentário é algo singular e muito pessoal. Fala de coisas que só podem ser sentidas por quem vive a tradição. Estamos muito felizes com o resultado. Fizemos um material de muita qualidade, que enobrece ainda mais o município de Guabiruba e sua cultura”, ressalta Fabiano.
Assinam o trabalho: o assistente do projeto Anderson Rubiki, captação e montagem pela Stoa Design e Estratégia, cenografia e luzes por Derlan Rodrei Kohler e marketing pela Amplitude Comunicação. O historiador responsável foi Alex Jonathan Siegel, o roteiro/apresentação foi realizado pelo artista Emiliano de Souza e a tradução em Libras por Laura Lopes.
O documentário já está disponível para o público em geral por meio das redes sociais da Sociedade do Pelznickel. O lançamento do audiovisual é o ponto de partida para as tratativas do registro do Papai Noel do Mato como Bem Imaterial do Estado de Santa Catarina.
“É uma alegria ver esse auditório lotado. Hoje já somos mais de 60 Pelznickels só na Sociedade, fora os demais grupos espalhados por Guabiruba. Parabenizo todos os envolvidos no projeto, que não mediram esforços durante a realização do documentário”, destaca o presidente Vandrigo Kohler.
Para a superintendente da Fundação Cultural de Guabiruba, Jenifer Schlindwein, foi uma honra prestigiar o lançamento. “Trata-se de um acervo audiovisual, onde é contado como se estabelece a manutenção dos fazeres e dos saberes da tradição do Pelznickel”, avalia.
De acordo com ela, a tradição do Pelznickel já é considerada Bem Imaterial de Guabiruba e é muito importante o pleito em nível estadual. “Quando nós temos algo consagrado pela comunidade e que permanece ao longo dos anos, como é o caso da tradição do Pelznickel, nós damos entrada no documento que legitima como patrimônio histórico cultural. Em Guabiruba, a tradição já é considerada desde 2018, por meio da Lei 003/2018 um patrimônio histórico cultural imaterial. Agora, vem a etapa de documentação e de levar esse registro audiovisual para pleitear o reconhecimento em nível estadual. Quando há o reconhecimento como patrimônio, esse fazer e saber passa a ter uma proteção, uma salvaguarda ainda maior, assim como acontece com as casas enxaimel, por exemplo, que são bens materiais”, detalha.
Sócios Beneméritos
Durante o evento de lançamento do documentário, também foi realizada pela diretoria da Sociedade do Pelznickel a entrega de títulos de Sócios Beneméritos, como forma de gratidão e reconhecimento a pessoas que contribuíram de forma significativa para a tradição.
Foram homenageados: Matias Kohler, empresário e ex-prefeito de Guabiruba; Eliana Schaefer, proprietária do local onde é realizada a Pelznickelplatz; Francisco Schaefer, artesão e criador da minicidade de Guabiruba (anexa a Pelznickelplatz); o prefeito de Guabiruba Valmir Zirke; Osni José Hoepers, que sempre auxiliou no transporte dos desfiles e Jorge Kohler, que não mede esforços para auxiliar no que for preciso.
“Vocês são pessoas importantíssimas, que têm nos auxiliado a manter a tradição do Pelznickel até os dias de hoje. E por construírem esta história conosco, sempre ao nosso lado, é que concedemos a honraria de Sócios Beneméritos da Sociedade do Pelznickel”, agradece o presidente.
Os Mestres da Tradição
O público presente na cerimônia também acompanhou a homenagem realizada aos Mestres Pelznickels. “Como assistimos no documentário, uma tradição só pode ser preservada se tiver bases fortes e pessoas preocupadas e interessadas em passar os conhecimentos e tradições adiante. No caso da Sociedade do Pelznickel, há alguns quesitos a serem atendidos, para que se possa ser um Mestre, que são: ser sócio da Sociedade do Pelznickel, ter mais de 40 anos de idade, ter experiência na tradição há mais de 20 anos, ter a disponibilidade e a vontade de transmitir a tradição e ter orgulho de representar a tradição onde for solicitado”, detalha o presidente Vandrigo, que foi um dos homenageados. Conheça cada um deles:
Adailton Klann: prestativo desde o primeiro convite a participar da Sociedade, mas seu tempo de Pelznickel iniciou muito antes disso, no bairro Guabiruba do Sul. É casado e tem filhos que são Pelznickel e Christkindl.
Ademir Klann: famoso Pelznickel com roupas de palha. Mora no bairro Guabiruba do Sul, onde aprendeu esta técnica de fazer roupas de palha por meio da sabedoria local de seus antepassados. Tem 54 anos de idade, é casado e tem filhos que participam da Sociedade.
Fabiano Siegel: mostra a tradição de modo prático, fazendo Pelznickel desde os 12 anos de idade. Nunca desistiu de ser Pelznickel, mesmo em dias de muito calor, chuva e trovoadas. Sempre se interessou em manter e mostrar a tradição. Tem 48 anos, é casado e tem 2 filhos.
Ivan Elias Fischer: já era Pelznickel nos anos 1980, sempre com muitas histórias e ensinamentos. Ivan tem 53 anos de idade, é casado e tem dois filhos que também participam da Sociedade.
Luis Ervino Fischer: um dos Pelznickels mais experientes da Sociedade. Usa a barba de velho como principal artigo em sua roupa. Nasceu em 1963, mora na Rua São Pedro, é casado e seus filhos participam da Sociedade.
Osnildo Fischer: é um dos “São Nicolaus”. Ele faz este papel com muita maestria. É conhecedor da tradição e tem enorme orgulho de pertencer a ela. Nasceu em 1962. É casado e tem filhos que participam da Sociedade há muitos anos.
Vandrigo Kohler: desde o início nos anos 2000, ajudava de várias formas: trazia água, refrigerantes, arrumava condução, e até conduzia os Pelznickels nos desfiles. Vandrigo tem 44 anos, é casado e tem 2 filhos que também fazem parte da Sociedade.
Wanneida Luizelita Laurenço Pereira Siegel: uma das primeiras Christkindl. É uma exímia artesã, mãe de dois filhos que também já seguem a tradição. Ajudou a construir os Minipelznickels da coleção. Nasceu em 1978 em Itajaí.
Texto: Amplitude Comunicação