Espaço foi implantado para acolher familiares de pacientes SUS da UTI Neo e Pediátrica, mas recebe também familiares de pacientes da UTI Adulto, vindos de todas as regiões do Estado
“Fiquei 26 dias acompanhando a minha filha, sozinha sem revezar. Foi muito bom ter um espaço para me acolher. Ter onde fazer as refeições, tomar banho, descansar, lavar roupas e até mesmo socializar com outros pais, que estavam passando pela mesma situação que eu”, conta a vendedora Larissa Silva Sodré, sobre o tempo em que sua bebê esteve internada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital IMAS/Imigrantes, em Brusque (SC). Neste período, ela ficou hospedada na Casa de Acolhimento oferecida pelo hospital a acompanhantes de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), que vêm de outras cidades do Estado.
A bebê de Larissa já teve alta e está em casa com a família, mas incluindo o período em que ficou no hospital onde nasceu, em Balneário Camboriú, permaneceu 36 dias internada. “Ela teve infecção urinária, sepse, pneumonia, plaquetopenia e má formação no rim”, detalha a mãe.
De acordo com ela, caso não tivesse a Casa de Acolhimento ficaria impossibilitada de acompanhar a filha de perto. “Moro a 40 km do hospital e não teria como ir e vir todos os dias. Sou grata pelo apoio do Hospital IMAS/Imigrantes e de todos profissionais que deixaram meus dias mais leves e acolhedores”, completa.
A Casa
Aberta há 10 meses para acolher familiares da UTI Neo e UTI Pediátrica, a Casa de Acolhimento já atendeu mais de 110 pessoas. “Por alguma vulnerabilidade, acolhemos também familiares da UTI Adulto, sempre passando por uma entrevista social”, explica a responsável pelo acolhimento no IMAS/Imigrantes, Lucimara Somensi.
A Casa fica anexa ao prédio principal do hospital e acomoda 12 pessoas. Além disso, conta com três poltronas fora dos quartos para descanso. “Recebemos acompanhantes, principalmente mães e pais de todo o Estado. Adquirimos mais quatro camas e vamos aumentar a capacidade de hospedagem no local”, ressalta.
De acordo com Lucimara, o espaço conta com cozinha equipada com utensílios que facilitam o dia a dia dos acompanhantes, como microondas. A Casa também conta com lavanderia, máquina de lavar, centrífuga e varais. “A centrífuga foi doação de pais que ficaram aqui conosco, como forma de agradecimento e para auxiliar aqueles que viessem depois”, conta.
A responsável pelo Acolhimento reitera que para se hospedar na Casa é preciso passar por uma Entrevista Social. “Já tivemos pais que ficaram em hotel, pois tinham condições de arcar com a despesa, para não tirar a vaga de uma família que precisasse mais”, revela.
Segundo ela, a escolha das acomodações também é pensada após a entrevista. “Como temos quartos no primeiro andar, priorizamos as camas do térreo para as mãezinhas que fizeram cesariana há menos tempo, por conta da escada”, completa.
A filha da atendente Suellen Ribeiro nasceu de 35 semanas em Balneário Camboriú e depois de sete dias foi transferida para a UTI Neo do IMAS/Imigrantes. “Quando viemos para cá, num sábado de madrugada, a assistente já veio e conseguiu uma vaga para mim. Meu esposo vem só visitar. O acolhimento foi muito bom, as refeições também. Se não fosse essa Casa eu não conseguiria ficar perto da minha filha. Esse espaço é maravilhoso, a gente tem acesso livre e fica perto dos bebês. Fico o tempo todo com ela, que está sem aparelhos agora, então consigo pegar e dar mamar. Ficar aqui é a melhor coisa. Tem pessoas que ficam meses. O meu caso foi menos grave e eu não venho de muito longe, mas tem gente que vêm de outras regiões do estado e ficam dois, três meses. É triste para essas mães. Eu nunca imaginei na vida passar por isso e essa Casa deixou tudo mais fácil”, conta.
Acolhimento
A Casa de Acolhimento é apenas um dos pilares do Serviço de Acolhimento realizado no hospital, como explica a assistente social do IMAS/Imigrantes, Erika Matheus Martins Cunico.
“Temos uma demanda muito alta nas UTIs e é um momento em que o paciente e a família estão fragilizados, por isso o acolhimento é tão importante. Mensalmente são realizadas cerca de 800 cirurgias e nosso trabalho é acolher a todos da melhor forma”, destaca.
Erika explica que a equipe conta também com uma psicóloga. “Fazemos visitas diárias em todos os setores, principalmente a UTI Neo e Pediátrica que as mães estão mais sensíveis. Elas estão com os bebês internados e muitas vezes nunca ouviram falar de Brusque. Então recebemos essa mãe, entendemos a história para conseguirmos ajudar da melhor forma. Nesse momento somos a família de referência delas. Temos mães que chegam com a roupa do corpo, então temos esse auxílio também para ajudar e dar esse suporte”, conta.
“Na UTI Adulto, todas as manhãs, realizamos reuniões para discutir sobre o caso de cada paciente. Analisamos, por exemplo, a extensão das visitas para pacientes em fim de vida, avaliamos quando a presença da família contribui para uma melhora mais rápida do paciente e organizamos o espaço seguindo todos os protocolos e regras de vigilância. Temos ótimos resultados com a participação maior da família. Para nós, é gratificante, em tão pouco tempo, conseguir mudar a vida de tantas pessoas”, completa.