A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Brusque foi palco de uma grande roda de Capoeira ao longo da quinta-feira, 17 de novembro, com a realização do 11º Encontro Catarinense de Capoeira Especial. O evento, sediado em Brusque pela segunda vez, reuniu cerca de 250 pessoas, com representantes de instituições de Educação Especial de diversas cidades do estado, que compartilharam de forma mútua a prática da Capoeira, por meio da inclusão. Realizado após dois anos sem o encontro presencial, por conta da pandemia, na programação, o evento contou com reencontros de amigos, sorrisos, conhecimento sobre a história da Capoeira no Brasil, musicalidade e muita prática.
Retomada presencial
A abertura do evento no período da manhã foi realizada na Arena Multiuso e contou com a presença do vice-prefeito de Brusque, pastor Gilmar Doerner, que deu as boas-vindas aos participantes e falou da importância da cidade sediar o encontro. “É uma grande alegria recepcionarmos esse público, tanto aqui na Arena como na Apae. Sem dúvida é um privilégio termos esse evento na nossa cidade, que é tão acolhedora, e vimos a alegria e entusiasmo dos participantes em estarem aqui”, considerou.
Também presente no evento, o educador físico e mestre de Capoeira da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), Fernando Bueno (Tuti), relembrou a trajetória do Encontro, que surgiu em 2012, após uma pesquisa feita entre as Apaes conveniadas com a Fundação. Na época, cerca de dez delas promoviam aulas de Capoeira, daí a iniciativa de realizar um encontro presencial. Os dois primeiros eventos foram na sede da FCEE, em Florianópolis, e nas edições seguintes, o mesmo passou a ser realizado de forma itinerante. “Este é um momento bem simbólico, em especial, após dois anos voltarmos a nos encontrar pessoalmente. Todos estavam ansiosos, porque aqui eles fazem amizades entre pessoas de diferentes cidades. E nesse sentido, a Capoeira demonstra como é uma ferramenta de inclusão social, não só pela possibilidade do movimento físico por quem tem alguma limitação, mas também pela parte cultural, pelo lado histórico, em mostrar que ela é também um instrumento educacional fantástico, por isso é considerada um patrimônio cultural da humanidade. Agradecemos pelo apoio da Apae de Brusque que está sempre de portas abertas e a todos que contribuíram para esse evento, que só acontece de forma conjunta”, enalteceu.
Brusque receptiva
No período da tarde, o encontro foi realizado na sede da Apae de Brusque com diversas práticas e rodas de Capoeira. Em nome da instituição, anfitriã do evento, o presidente Renato Roda destacou a satisfação da entidade, em mais uma vez, sediar o encontro estadual e poder recepcionar tantas pessoas especiais unidas em um bem comum. “Só quem presenciou este momento ou quem acompanha uma roda de capoeira com pessoas especiais sabe o amor que se sente, por quem se dedica e participa dessa prática. Esperamos dois anos por esse encontro, e essa retomada faz com que a Apae de Brusque também seja protagonista novamente, não só como a primeira Apae de Santa Catarina, mas também em outros projetos e ações. Agradecemos a todos pela presença e ficamos muito felizes pela realização desse evento”, pontuou.
Há 22 anos ensinando Capoeira de forma voluntária para os alunos da Apae de Brusque, Sidnei Belz, o mestre “Magau”, falou sobre a emoção proporcionada pelo encontro, que fortalece o movimento da Capoeira por meio da inclusão.
“Receber esses capoeiristas especiais aqui é um grande presente, afinal é maravilhoso estar novamente com eles. Na Apae, nosso trabalho nunca foi torná-los ilustres jogadores de Capoeira, mas sim, através dessa prática, oferecer um momento de qualidade de vida, mesmo que seja a cada 15 dias. Assim, proporcionamos uma melhora corporal, na questão motora, por conta da movimentação, mas também a questão social, onde eles se relacionam e interagem com outras pessoas. Além, é claro, a questão da musicalidade, da instrumentalização, entre outras, que eles não teriam acesso no dia-a-dia e que a Capoeira proporciona”, destacou.
Para ele, a maior recompensa é ver a alegria dos alunos interagindo com os demais. “Esse é o nosso objetivo, fazer um evento onde vimos os participantes sorrindo, saindo daqui felizes e satisfeitos pelo momento vivido”, completa.
Marcelo Backes Navarro Stotz, o mestre “Kblera”, da Associação Brasileira Camará Capoeira (Grupo Camará), foi o responsável por transmitir um pouco da história da Capoeira no Brasil, durante a visita dos participantes do encontro no Centro Cultural Camará Capoeira, na Arena Multiuso. Para ele, poder participar do evento e transmitir ao público participante um pouco da essência da Capoeira, foi uma grande satisfação. “Participar de ações que envolvam a Capoeira especial é sempre um privilégio, onde, no final, nós é quem aprendemos com os alunos. Por meio da união e do respeito, através da Capoeira especial, todo dia aprendemos um pouco mais sobre as nossas limitações, sobre a necessidade de trabalharmos por um mundo mais justo e igualitário. Assim, poder receber pessoas de outros municípios na nossa cidade é um privilégio, o que nos motiva ainda mais a continuar na prática capoeirista”, detalha o mestre, que há 42 anos trabalha com a Capoeira.
“Aproveito ainda para elogiar o trabalho do Magau, que há 22 anos atua na Apae de Brusque, neste trabalho voluntário e responsável, nos proporcionando a alegria de trabalhar com um público tão especial. Que as pessoas percebam a qualidade educacional, cultural, mas também terapêutica que a Capoeira possui e que esse projeto possa ter continuidade por muitos anos”, acrescenta.
Representantes
Participaram do encontro integrantes e alunos da Fundação Catarinense de Educação Especial; Apae de Brusque; Apae de Biguaçu; Apae de Governador Celso Ramos; Apae de Camboriú e Apae de Itapema. Ao final do encontro todos os integrantes ganharam medalhas pela participação.
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Crédito: Taiana Steffen Eberle/Ideia Comunicação