Mais de 200 congressistas, entre médicos, profissionais de diversas áreas da saúde e estudantes de medicina de Brusque e do estado, estiveram reunidos no 2º Congresso Brusquense de Medicina – CBM, que aconteceu nos dias 27 e 28 de maio. Com o foco na clínica médica, os profissionais convidados para os debates, médicos da região e de outros estados, fizeram um diagnóstico atual de várias especialidades, falando sobre o cenário de saúde atual e o que se pode esperar para o futuro.
“Em 2020 tivemos muitas dificuldades, faltavam leitos, respiradores, testes diagnósticos, EPIs e um sistema de inteligência de dados para acompanhar os casos de Covid. Isso tudo foi desenvolvido com parcerias (…) mas muitas interrogações ainda existem. Nós temos uma doença infecciosa e precisamos ainda identificar, testar o caso, isolar e acompanhar (…) e precisamos de pessoas e tecnologia para fazer isso de maneira adequada”, explicou o presidente da Associação Catarinense de Medicina – ACM, o médico Ademar José de Oliveira Paes Junior, que fez a palestra de abertura do Congresso.
Ainda segundo ele, é importante “não desestabilizar as pessoas que foram treinadas e os leitos que foram criados e ampliados, a gente precisa ter uma força tática caso tenhamos novas ondas. Infelizmente, é um cenário difícil de prever, mas isso não significa que precisamos estar despreparados”, completou.
A abertura do CBM aconteceu na noite de sexta-feira, dia 27, e contou ainda com autoridades municipais, estaduais e médicos convidados, além de alunos das faculdades de medicina, patrocinadores e apoiadores.
O Secretário Municipal de Saúde de Brusque, o médico Osvaldo Quirino, lembrou que o congresso foi uma grande oportunidade para que profissionais já formados pudessem aprender e somar, além de mostrar aos alunos que a cidade está muito bem inserida no cenário da medicina brasileira, destacando, por exemplo, o período de enfrentamento à Covid-19.
“Brusque mostrou força, mostrou garra, disposição e capacidade de trabalho mas, sobretudo, coesão das pessoas no enfrentamento da doença e que a solidariedade foi o grande motor para combater essa pandemia. Além do aspecto científico como a vacinação em massa da população, muito além da média nacional em relação a gravidade da pandemia, bem como todas as demais ações que foram realizadas”, falou o Secretário em seu discurso ao público.
Atualizações
O Congresso Brusquense de Medicina teve seu conteúdo composto por 17 palestras, divididas em quatro blocos, denominados por urgência, medicina geral, doenças agudas e doenças crônicas.
Entre os palestrantes, o médico oncologista Evanius Garcia Wiermann, de Curitiba, um dos mais conhecidos especialistas de sua área, falou sobre câncer de intestino e alertou os estudantes sobre a necessidade de buscar o rastreamento da doença.
“Ainda temos um abismo, pois boa parte dos medicamentos disponíveis não tem no sistema público. O mais importante, então, é trabalhar com que temos, como as medidas clínicas para redução de risco de câncer como combate a obesidade, redução de consumo de produtos processados, uma dieta mais saudável, atividade física sempre que possível e realizar o rastreamento precoce da doença”, frisou.
Já a médica Silvana Gazola Santucci, de Itajaí, apresentou seu trabalho sobre vacinação e fez um alerta.
“O Brasil vive um cenário de perigo, em que doenças antigas poderão retornar, pois nós temos baixas taxas de cobertura de vacinação em doenças que nunca mais tínhamos ouvido falar e agora corremos o risco de perder um grande avanço que a vacinação obteve no Brasil, porque as pessoas estão deixando de se vacinar, as mães não tem levado seus filhos para vacinar. Desta maneira, temos o risco de reintrodução da poliomielite, difteria, tétano, hepatite e outras doenças graves que comprometem a saúde da população e que podem retornar”, destacou a médica, que lembrou ainda da importância da vacinação contra a Covid, que previne a hospitalização.
Resultados positivos
O estudante Gabriel Andrigheto, do curso de medicina da Unifebe, destacou a qualidade técnica dos palestrantes, que de acordo com ele, agregam na formação médica, tanto de acadêmicos quanto de médicos já formados.
“Muitas das informações que foram trazidas aqui, esclareceram, nossas dúvidas, então quando tivermos atuando no dia a dia, seja num consultório, residência médica ou nos prontos-socorros vai nos ajudar a também tirar dúvidas dos pacientes, melhorando a qualidade de vida de todos”, lembrou.
Para o presidente da Associação Brusquense de Medicina – ABM, realizadora do evento, o radiologista Gustavo Gumz Correia, o 2º Congresso Brusquense de Medicina foi um sucesso.
“Tivemos um público bastante grande entre estudantes e colegas, da cidade e de outras regiões, além dos palestrantes. Vários temas foram discutidos, como o cenário da saúde do Brasil e Santa Catarina, ministrado pelo presidente da ACM, e outros muito importantes para os profissionais que trabalham, na linha de frente de hospitais e UBS, como clínico geral ou médico plantonista. Então, acreditamos que foi uma ótima atualização e integração para a comunidade médica, principalmente aqui de Brusque”, concluiu.