Faz 15 anos que o brusquense Renato dos Santos da Fonseca, 40, deixou seus familiares e amigos para viver sua vocação religiosa no Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, em Campo do Tenente, no Paraná. Mas, na manhã desta quarta-feira, 12 de janeiro, durante sua ordenação diaconal, um pedacinho da Paróquia São Luís Gonzaga pôde ser reconhecido entre os poucos convidados da solenidade. Além de seus pais e irmãos, diversos padres dehonianos se fizeram presentes. Foram eles que acompanharam este início de vocação e todo o discernimento que se deu até o início da vida monástica.
“A paróquia é meu berço vocacional. Foi onde encontrei um grupo de amigos com fé, que me ajudou e me ensinou muito. Alguns sacerdotes aqui presentes eram seminaristas na minha época e ainda acompanham minha caminhada. É uma amizade que não se desfaz com o tempo e nem com a distância, um vínculo que teve como base a fé e a oração. Isso tem valor para mim, significa que não saí do nada. Sou privilegiado pelos amigos que tenho”, diz o brusquense, que será ordenado padre em 15 de agosto deste ano.
Vocação
Renato chegou ao mosteiro no dia 4 de agosto de 2007 e viveu a clausura por três meses, com o objetivo de compreender a dimensão da vida monástica. Ingressou oficialmente na Ordem Trapista em dezembro daquele ano, quando recebeu seu hábito e, também, um novo nome: Irmão Paulo.
“Foram nove meses de Postulantado que, embora seja um tempo de experiência, já parte de uma decisão. Depois veio o Noviciado, que é um aprofundamento nos valores monásticos. No dia 4 de julho de 2010 fiz minha primeira profissão dos votos temporários. E mesmo que este período possa ser estendido, em três anos já tinha uma decisão clara para a profissão solene, que aconteceu em 29 de junho de 2013. Desde então sou monge, integrado na comunidade e na Ordem”, conta o consagrado.
No ano seguinte, Irmão Paulo iniciou o programa de Teologia. Fez, inclusive, uma formação monástica de dois meses em Roma. E, agora, comemorou mais uma importante etapa na sua caminhada de fé: a ordenação diaconal. “Sou Irmão, me alegro em viver os valores monásticos, o silêncio, a solidão, a oração, o estudo e o trabalho”, enfatiza o monge, que neste final de janeiro viaja para Roma, onde encontrará seus superiores na Ordem.
Durante a solenidade, um dos momentos de grande emoção foi acompanhar a família de Irmão Paulo, receber a eucaristia do recém-ordenado diácono. “É difícil explicar algo que só o coração de uma mãe pode entender. Mas sinto a alegria e a emoção de doar meu filho para a Igreja e de respeitar uma escolha que é dele. Apesar da distância, mantemos nossa sintonia. Assim como Deus, sinto ele sempre presente perto de mim”, descreve sua mãe, Eva.
Oração e serviço
O Bispo da Diocese de São José dos Pinhais (PR), Dom Celso Antônio Marchiori, presidiu a ordenação. Ele explica que ser diácono é colocar-se à serviço das pessoas de forma sacramental. “Um diácono está a serviço da comunidade, da Igreja e da sua santificação, preparando o povo para a continuidade de seu caminho, com fé, esperança e caridade, rumo à pátria celeste”, explica.
Durante a homilia e no ato de ordenação, o bispo deixou uma mensagem ao novo diácono. “Que busque a santidade, revestindo-se da caridade de Cristo. Tudo vai correr bem, com a ajuda de Nossa Senhora, de São José e dos santos padroeiros, com apoio de sua família, junto de sua comunidade monástica, do Bispo e de seus superiores. Fiquemos com o essencial, que é o nosso Senhor, vivendo como Ele viveu, amando como Ele amou”, destaca.
O pároco da Paróquia São Luís Gonzaga, padre Diomar Romaniv, fez questão de estar presente na ordenação diaconal que, segundo ele, é fruto da oração da comunidade. “Uma das marcas de nossa paróquia é rezar pelas vocações, como oferecemos sempre, na primeira sexta-feira de cada mês. Hoje encontramos aqui alguém que de maneira muito discreta vive a sua vida consagrada e, agora, diaconal. O Irmão Paulo foi um jovem que viveu, serviu e discerniu sua vocação em nossa comunidade”, lembra padre Diomar.
Após a solenidade, o pároco falou sobre a gratidão. Primeiro a Deus, pelo chamado vocacional e, também, às pessoas que rezam pelas vocações. “Estes por quem nós rezamos têm rostos, têm nomes, têm histórias e nascem em famílias iguais às nossas. Então, queremos bendizer a Deus por isso”, detalha.
Padre Diomar também citou a alegria de acompanhar a celebração, especialmente pelo local na qual ocorreu, em meio ao silêncio de um mosteiro. “A vida monástica fala muito para nós, que vivemos em um mundo agitado e corrido. É no silêncio e na paz que encontramos Deus”, completa.