Aristóteles, Tomás de Aquino, Sócrates, Platão, Agostinho de Hipona, Byung-Chul Han, Hans Jonas, Hannah Arendt. Estes são alguns nomes da Filosofia que, ao longo da história, ajudaram a compreender questões do dia a dia, através de questionamentos e reflexões. Ainda hoje, a Filosofia é a ciência que instiga o diálogo e o pensamento crítico, por meio de uma linguagem inclusiva e intercultural.
Nesta perspectiva é formado, também, um filósofo. A existência humana e suas compreensões particulares passam por um processo de construção, conforme explica o filósofo, professor Dr. Aléssio da Rosa, vice-diretor do Colégio e Faculdade São Luiz. “A Filosofia nos permite vislumbrar novos horizontes, novas oportunidades. Por isso mesmo, aqui em Brusque, temos o curso de Filosofia que completou 88 anos”, comenta o padre sobre o formação superior, que está com processo seletivo aberto no site da instituição.
A Filosofia e a humanidade
Ser filósofo também justifica a importância de fazer perguntas. Padre Aléssio observa que na época contemporânea, sê tem mais dúvidas do que certezas, e por isso mesmo a Filosofia se apresenta como uma importante ferramenta de reflexão sobre questões pessoais, sociais, políticas, ambientais, entre outras. “De modo pessoal, sempre me chamou atenção filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Agostinho e Tomás, porque estes trazem um questionamento que foi traduzido ao longo da história da humanidade e que chegaram até nós. Santo Agostinho, por exemplo, reflete sobre a busca incessante do ser humano por Deus. Já outros filósofos não necessariamente caminharam por essa linha de encontro com Deus, mas de encontro consigo mesmo, com seu povo e sua cultura”, frisa.
A Filosofia se ocupa de todas as gerações
Segundo o vice-diretor da Faculdade São Luiz, é possível falar e trabalhar questões filosóficas com crianças, adolescentes e jovens, adultos e a terceira idade. Para ele, não há um tempo para entender a Filosofia. “Ela faz parte do nosso dia a dia. Todos nós nos questionamos: quando nasce uma criança a gente se pergunta como ela vai encarar a vida. Mas, também, quando perdemos um ente querido, muitas questões surgem. A Filosofia questiona e, ao mesmo tempo, se aproxima de nós e, com isso, temos autores contemporâneos, brasileiros e estrangeiros, que contemplamos ao longo da grade curricular”, detalha.
Um nome importante da Filosofia contemporânea é o sul-coreano Byung-Chul Han, que fala sobre uma sociedade do cansaço, como exemplifica padre Aléssio. “É uma oportunidade de trazermos algo bem atual para nossos dias e, sobretudo, nos questionar a respeito da nossa vida, do nosso engajamento social, daquilo que entendemos como natureza, a preservação da nossa casa comum. E também a ética da responsabilidade com os outros seres e o meio-ambiente, como nos questiona Hans Jonas”.
Um espaço para o debate e reflexão: do questionamento à uma maior consciência
Nesta perspectiva, a Faculdade São Luiz recebe estudantes de diversas regiões que buscam na instituição um curso de Filosofia que desperta, provoca, questiona e instiga o pensamento ao debate e à reflexão.
Artur Hang, 20 anos, natural de Joinville, é seminarista da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus e concluiu em Brusque a faculdade de Filosofia. Ele defendeu em banca seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em novembro. A caminho da próxima etapa na formação sacerdotal, pesquisou ‘A integralidade do ser humano em João Leão Dehon e Jacques Maritain: proximidades e distanciamentos’. O trabalho o aproximou do tema de uma maneira bastante particular. E quando acontece uma identidade do pesquisador e aquilo que é pesquisado, ocorre uma harmonia no processo de pesquisa, como ele mesmo descreve. “A Filosofia exige de nós um posicionamento. A partir do momento que vemos a realidade, a primeira coisa que temos que fazer é um movimento interior: o quê esta realidade me mostra? Diante disso, abstrair a realidade. Pegar elementos fundamentais, que constituem essa realidade. Observar as fontes, o que as compõem, como se constroem, e depois disso falar para o outro o que você descobriu. O processo filosófico é pegar aquilo de fora e trazer para dentro, mastigar, diluir e depois levar para fora de novo, de um modo organizado, ordenado e verdadeiro”.
Artur entende que o grande compromisso da Filosofia nos dias atuais é com a verdade, e, a partir disso, buscar sempre este ideal. “No cotidiano, todas nossas ações envolvem Filosofia. Parece algo utópico, mas quando tomamos consciência dos nossos atos, desde os mais pequenos até os mais complexos, podemos extrair dali atos filosóficos”.
Distante 300 quilômetros de Joinville está a cidade de Tubarão, região de onde veio o seminarista diocesano Jonatha José de Medeiros, 28 anos, que se identificou na Faculdade São Luiz com a Filosofia da Linguagem. Ao concluir este período de estudos em Brusque, ele refletiu no seu Trabalho de Conclusão de Curso a ‘Linguagem e mundo na Filosofia de Ludwig Wittgenstein: a ruptura entre o primeiro e o segundo Wittgenstein. “Filosofia é reflexão. É o fato de nós não ingerirmos as coisas simplesmente ou passarmos pela vida sem ser impactados por ela. A Filosofia nos inquieta, nos gera dúvida, nos gera questionamento. É você desconstruir algumas coisas para construir bases sólidas. Quando iniciei o curso, vivi essas inquietações. Agora, no terceiro ano, vivo um processo mais de amadurecimento”, revela.
José Carlos Medeiros, 29 anos, seminarista da Diocese de Joinville, que também esteve em Brusque para cursar Filosofia na Faculdade São Luiz, é um jovem que refletiu a Ética Contemporânea em seu TCC, intitulado ‘A influência do Tomismo na Filosofia de Alasdair Macintyre’. “Estudar esse autor me ajudou a ter uma perspectiva também de como dialogar com outros pensamentos. A Filosofia é, acima de tudo, um ato de pensar e raciocinar. O que os filósofos falam não é diferente do que as pessoas falam no dia a dia. Os questionamentos são os mesmos, nos perguntamos o que é certo viver, ou não, qual a melhor forma de viver, de organizar a sociedade, essas perguntas do dia a dia que são também as perguntas da Filosofia, que nos ajudam a dialogar com pensamentos diferentes e a entender que não tenho todas as respostas sozinho”.
Bruno Henrique Galvão Zenaro, de 20 anos, veio do meio-oeste catarinense e concluiu em Brusque a metade da sua caminhada vocacional ao defender seu Trabalho de Conclusão de Curso refletindo sobre ‘A superação do antagonismo direita-esquerda no pensamento político de Ortega Y Gasset’. O seminarista da Diocese de Joaçaba encontrou na Filosofia da Faculdade São Luiz a extensão do propósito que tem como vocacionado. “A grande lição que levo desses três anos de estudos é que a Filosofia não está restritamente em saber o livro de um autor, saber outro idioma ou o pensamento do meu filósofo, mas está, principalmente, no seu jeito de viver. Acredito fielmente que a Filosofia se faz quando você começa a questionar as coisas básicas da sua vida e não em viver sempre na dúvida. A Filosofia tira muitos paradigmas que a gente têm, ela mexe com nossa criação e nossa fé. Alguns dizem: ‘fui fazer Filosofia e perdi a fé’, e eu acredito que você não perde aquilo que você não tem. A Filosofia mostra exatamente isso, você nunca teve fé se você perdeu e a Filosofia mostra uma maneira madura de exercer aquilo que você acredita. Vejo a Filosofia em todas as pessoas. Na vida, o primeiro dever do filósofo é dialogar com outras pessoas, uma vez que temos vários tipos de conhecimento”, enfatiza.