Plantões intensos e prolongados, diagnósticos de doenças raras, curas esperadas e inesperadas e perdas de vidas irreparáveis. Essas são algumas situações presentes no trabalho diário dos profissionais de medicina, que escolheram seguir a carreira em prol do próximo, salvando vidas. Como forma de homenagear esses profissionais, que nos últimos meses, em especial, por muitos momentos colocaram sua própria saúde em risco, por conta da Covid-19, o Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux – Hospital Azambuja, traz neste Dia do Médico, 18 de outubro, entrevistas com alguns médicos que atuam na instituição e que diariamente se dedicam em prol da prevenção, saúde e bem-estar da comunidade.
Escolha mútua
O atual diretor clínico do Hospital Azambuja, o neurocirurgião Dr. Osvaldo Quirino de Souza está há 30 anos em Brusque. Veio para a conhecida ‘cidade dos tecidos’ quatro anos depois de ter se graduado pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e passado pela residência no Hospital Adventista Silvestre (RJ). Desde que chegou aqui, em 1990, passou a atuar no Azambuja, atendendo as urgências e emergências do hospital, da mesma forma em que participou, ao longo desses anos, de muitas ações na comunidade.
Segundo ele, a vontade de ser médico surgiu ainda na infância, inspirado pelos médicos que conhecia, o que se concretizou anos depois quando teve a oportunidade de cursar medicina. “Acredito que a escolha da profissão é algo mútuo: escolhemos a medicina, mas ela também nos escolhe. É uma profissão extenuante, com uma formação continuada e constante, com grandes jornadas de trabalho e extrema responsabilidade. Mas, acredito que, o que leva de fato um médico a escolher a profissão é a entrega, a paixão em fazer algo em prol do outro, além da vontade de conhecimento pelo corpo humano e seus mistérios”, comenta.
Como atual diretor clínico do hospital, Dr. Osvaldo diz exercer o cargo com muita satisfação e responsabilidade, mantendo as relações de respeito e admiração recíprocas com outros colegas e demais profissionais. “Nossa cidade é muito feliz por ter excelentes profissionais, com grande formação médica, com grande formação humanística, dedicados ao trabalho, com foco em promover a saúde e o bom desempenho da medicina. Fico muito feliz em poder estar no Hospital Azambuja, em representar a categoria dos médicos, tendo esse contato com a administração, a direção e a Mitra Metropolitana”, comenta.
Em relação à passagem do Dia do Médico, o diretor clínico do hospital deixa uma mensagem de ânimo e confiança a todos os profissionais da área, em suas mais diversas especialidades, para que possam continuar exercendo seu papel em prol do próximo. “Que os médicos não desanimem, apesar de todas as dificuldades que surgem no dia a dia. Temos uma bela profissão, que tem a oportunidade única de servir ao próximo, de cuidar do nosso semelhante, de ajudá-lo em um momento difícil da vida, que é quando adoecemos. Ter a confiança das pessoas, que depositam em nossas mãos a vida delas e de seus familiares, é algo muito valioso e imensurável. Que possamos sempre tentar fazer o melhor de nós, pois só assim vamos conseguir ter o respeito que a sociedade nos dedica. Deixo um grande abraço a todos e o agradecimento a nossa comunidade pelo carinho e respeito que somos tratados. Obrigado à direção do Hospital Azambuja por nos dar um local para exercermos a nossa profissão e a Deus por nos proporcionar viver tão bela experiência que é ser médico”, conclui.
Linha de frente
Os últimos meses têm sido de intenso trabalho e dedicação para o médico intensivista Dr. Eugênio José Paiva Maciel. Diretor técnico e chefe das UTIs Geral e Covid do Hospital Azambuja, desde março é um dos profissionais que atua na linha de frente no combate ao Coronavírus, no atendimento a pacientes de Brusque e toda a região que diariamente chegam até a unidade hospitalar.
Há 30 anos atuando na profissão, Dr. Eugênio tem residência pela Sociedade Terapia Intensiva do Rio de Janeiro (RJ). Veio para Santa Catarina há 26 anos, por opção em ter uma melhor qualidade de vida para ele e para o filho. Através de um amigo, soube da vaga de médico intensivista na UTI do Azambuja, que estava sendo reestruturada na época. “Fui um dos primeiros médicos intensivistas do Estado com este título e sempre atuei no Azambuja. Sou médico rotineiro, e já fui diretor clínico do hospital. Atualmente sou diretor técnico e continuo atuando como médico intensivista”, comenta.
Em suas memórias, a vocação para medicina veio cedo, desde criança. Por também ser de uma família humilde, assim como Dr. Osvaldo, ele seguiu o sonho de tornar-se médico, concretizado após consegui cursar a universidade por meio de crédito educativo. Desde sua formação e especialização, foram muitas as memórias e momentos especiais que marcaram a carreira, sendo a pandemia atual a mais desafiadora.
Para ele, ter a missão de salvar vidas no atendimento a pacientes com Covid-19 foi e continua sendo um árduo trabalho, em especial pela doença ter sido completamente nova, em todo o mundo. “Inicialmente a Covid-19 acometia principalmente idosos, mas com o tempo demonstrou atingir outros perfis: pacientes jovens, em sua maioria masculinos, muitos deles com comorbidades, problemas de obesidade, associados também a problemas cardíacos, pulmonares, vasculares, entre outros. Além disso, o isolamento por conta da pandemia foi outra grande dificuldade, sem contar é claro, o número de profissionais das nossas equipes que foram acometidos pela doença”, relata.
Outros desafios, como os próprios cuidados para manter-se com saúde no atendimento nas UTIs, além da nova estrutura e equipamentos necessários no tratamento da doença, bem como os próprios óbitos, foram destacados pelo médico. “Foi uma época muito difícil, com muitas mortes, já que em nosso país o número de óbitos chegou a mais de 150 mil. Ou seja: se formos comparar, é como se mais que a população inteira de Brusque viesse a óbito por conta da Covid”, pontua.
Mesmo diante da missão de combate à pandemia e demais desafios, Dr. Eugênio enfatiza a importância da profissão e ressalta os verdadeiros valores da área, neste Dia do Médico. “Ser médico é uma profissão de amor, pois você tem hora para começar, mas não para parar. Você luta e lida diretamente com a morte, seja de pessoas conhecidas, de jovens, o que também mexe muito com a gente e exige que sejamos fortes. Apesar de tantos desafios, o amor ao próximo sempre deve prevalecer, tendo como objetivo o paciente e sua qualidade de vida, para que ele volte a ter saúde e possa estar bem novamente com a sua família. E é por isso que lutamos diariamente. Que as pessoas em geral também se cuidem, tenham hábitos saudáveis, façam exames regularmente e gerenciem sua saúde e vida, que são nossos bens mais precisos”, completa.