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sábado, novembro 23, 2024
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Escola de Campo: “Nossa Escola, Nosso Lar” Educação que vai além da sala de aula – Edith Krieger Zabel

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Jornal da Diplomata apresenta: Série Especial sobre as Escolas de Campo de Brusque

Três escolas de Brusque têm dividido com seus alunos experiências que vão muito além da sala de aula. Se por um lado alguns alunos entendem o hábito de ir para escola como uma tarefa não tão prazerosa, as crianças das escolas Edith Gama Ramos, Adelina Zierke e Edith Krieger Zabel não veem o momento de estarem no ambiente escolar.

Começa pelo embelezamento do local em que a criança passará boa parte do seu dia. Flores, pinturas no chão e nas paredes, decorações com material reaproveitado fazem parte do cotidiano das crianças que estudam nas chamadas escolas de campo, aquelas que estão localizadas em bairros mais interioranos, como Cristalina, Cedro Grande e Ribeirão do Mafra. E é para estas regiões de Brusque, no Vale do Itajaí, que o Jornal da Diplomata foi, para entender o porquê tais educandários tem se tornado destaque na didática de ensino e inclusão de crianças no contato direto com a natureza através de projetos ambientais.

O “Nossa Escola, Nosso Lar” nasceu nos anos 80 em Brusque e, na época, foi realizado em forma de concurso, conforme explica a Assessora Técnica da Secretaria de Educação, Stella Mares Maccarini Fischer. “Ele surgiu com objetivo de implantar a condução de horta na rede e algumas atividades de embelezamento ao redor das escolas. Isso teve uma comissão que fez avaliação, depois as escolas foram ao final até o Bandeirante e eram divulgados os resultados dos trabalhos com apresentações”, lembra.

E o projeto foi reativado em 2018 em conjunto com a Coordenação Ambiental, Coordenações do Ensino Fundamental e Educação Infantil, retomando algumas atividades, especialmente de horta, entre outras, como compostaeira, plantio de árvores frutíferas (resgate de pomares). “Apuramos que algumas escolas passaram a trabalhar com animais e isso incentivou novamente o trabalho com animais de pequeno porte, como tartaruga, criação de abelha sem ferrão”, explica Stella.

Cada escola tem sua especificidade. “Esse projeto é bem audacioso. Pretendemos esse ano lançar o concurso novamente, resgatando atividades e introduzindo novas outras. Todas as atividades são feitas com participação de professores e crianças, e todas foram muito bem aceitas”, ressalta Stella.

Nas escolas, cada espaço do projeto Nossa Escola, Nosso Lar é explorado através da multidisciplinariedade. “Tem escolas que tem trabalho com chás, outra com produção de sabão. Quando surge um aluno novo, em que a família chega na cidade, a diretora e os alunos vão até a casa deles para implantarem uma horta na residência. Na Cristalina tem um canteiro comunitário, e por aí vai”, explica Stella.

E o projeto irá expandir. A Escola Padre Carlos Fuzão, no bairro Santa Luzia, está iniciando o projeto e se estruturando para receber os espaços. “Lá há um projeto de energia solar que iniciou no ano passado com mangueiras. A água passa e esquenta. Também há plantação de aipim, jardinagem e o projeto de hidroponia para este ano”, adianta Stella.

Escola Edith Krieger Zabel – bairro Cristalina

Conheça hoje a Escola Edith Krieger Zabel, localizada no bairro Cristalina, onde hortaliças são vistas em qualquer espaço de terra nas redondezas e os alunos são filhos e netos de pessoas que também passaram por essa escola no passado.

Edith Krieger Zabel
A Escola Edith Krieger Zabel está localizada no bairro Cristalina, tem 87 anos e conta com 64 alunos matriculados. Em frente a escola existe uma horta comunitária, cuidada pelos pequenos. (Foto: Diplomata FM)

O educandário tem 87 anos, conta com 64 alunos matriculados, do berçário II ao 5° ano do Ensino Fundamental. É uma escola multisseriada, ou seja, as faixas etárias dividem a mesma sala, conforme explica a diretora Elaine Petermann. “Toda estrutura é diferente. Temos primeiro, segundo e terceiro ano numa sala, quarto e quinto em outra. A Educação infantil também é multisseriada. Temos crianças de um ano e outras completando quase três na mesma sala, sem divisão”. Isso porquê o número pequeno de crianças matriculadas faz com que o sistema multisseriado seja mais conveniente.

Na escola, a rotina é voltada à natureza, onde as crianças colocam a mão na massa. A junção dos alunos é positiva no desenvolvimento de cada um no ambiente escolar, observa a diretora. “O menor ajuda o maior e eles têm uma afetividade com o outro, um auxilia o outro”, diz. O formato já é desenvolvido no educandário há 87 anos, e sempre deu certo.

Sentidos e cores – vidas e sementinhas

“Eu acho que todo mundo gosta de chegar em um lugar que é bem recebido, que oferece aconchego, tanto para os visitantes quanto para os pais das crianças que estudam aqui. Todo mundo gosta de estar num lugar colorido e bonito”. As crianças, acompanhadas das serventes, plantam flores, ajudam na horta, na composteira, participam de tudo.

Edith Krieger Zabel
Na escola, a rotina é voltada à natureza, onde as crianças colocam a mão na massa e participam de tudo. (Foto: Diplomata FM)

“Nós temos as famílias da comunidade muito envolvidas com a escola, que valorizam demais a escola. A gente acaba criando muita raiz por causa dessa questão da afetividade. Quem vem aqui acaba se sentindo em casa, vem e não quer sair”.

Por toda parte se vê material reciclável que se transformou em algo para a escola, confeccionado com as mãozinhas das crianças.

Horta comunitária – inclusão social e produtiva na comunidade

Quem chega na escola se depara, ainda na rua, com uma horta comunitária. Ali se vê das mais diversas espécies de plantas medicinais e temperos. Todo o plantio é dividido com a comunidade. “A gente fez a horta com a comunidade, eles vieram num sábado de manhã com chuva, fizeram todo o canteiro com trator, tobata, adubaram, e as pessoas ajudaram com mudas de chás e temperos, e trabalhamos com as crianças a manutenção”, conta a diretora. A horta comunitária foi implantada no final de 2018 e desde então só tem produzido coisas boas.

Abelha não faz mal, faz mel

O projeto “Abelha não faz mal, faz mel”, é outra proposta que deu muito certo com as crianças da escola. “A gente começou com as abelhas jataís, que não possuem ferrão, mostramos para as crianças. Está em fase inicial e de adaptação”, explica a diretora.

Edith Krieger Zabel Abelhas
O projeto “Abelha não faz mal, faz mel”, é outra proposta que deu muito certo com as crianças da escola. (Foto: Diplomata FM)

Os animais que moram na escola representam muito para as crianças. Afetividade, responsabilidade, alimentação e brincadeiras fazem parte do relacionamento entre eles. São cuidados pela escola um coelho e uma tartaruga, mas em breve codornas também farão parte do espaço.

A horta é um projeto contínuo mantido pelo educandário. Tem até um espantalho no meio do canteiro para proteger o local.

“Aqui eles aprendem brincando. Eu penso que eles estão aprendendo o que é o essencial, o que precisa ser aprendido. Eles estão brincando e aprendendo, colocando a mão na massa”.

Futuro

Fazem parte dos projetos pautados para serem implantados na escola em 2019 a aquaponia, aquecedor solar e mini orquidário, fora aqueles que vão surgindo no passar dos meses e, na medida do possível, vai sendo colocado em prática no educandário, em parceria entre os servidores e crianças.

Acompanhe imagens da escola!

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